sexta-feira, 15 de julho de 2011

Máscaras Africanas





Por Rodrigo Aguiar

A função dos rituais nas sociedades


Os rituais são elementos fundamentais da cultura humana. 
Aparecem em absolutamente todas as sociedades da terra.
Em algumas, seus integrantes, por vezes, não se dão conta
de sua participação nos rituais (como a nossa sociedade ocidental). 
Em outras, todos os atos diários e cotidianos estão ligados 
aos aspectos religiosos e ritualísticos.

Os rituais são caracterizados por um conjunto de procedimentos
práticos cuja função é marcar determinado acontecimento ou 
materializar o sagrado. Podem estar também ligados à evocação 
de eventos mitológicos por meio de uma liturgia. Aos condutores 
dos ritos normalmente lhes são atribuídos poder e prestígio.

Os mitos, constantemente rememorados pelos ritos, podem ser 
definidos como um corpo teórico que se expressa na forma de 
narrativas, por vezes carregadas de conceitos éticos e morais. 
Podem ser tanto a maneira como o grupo compreende sua 
origem na terra, bem como a explicação de eventos com 
base no sobrenatural.

Neste contexto, os rituais de iniciação e de passagem poderiam 
ser definidos como a figuração simbólica de uma transformação 
de personalidade. Estes rituais têm por função materializar a 
passagem de um indivíduo para outro estado. Apresentam relação 
com a morte e ressurreição (de um novo indivíduo), tendo em 
vista que o iniciado, concluído o rito, assume uma nova identidade.

O uso das máscaras


A utilização de máscaras em cerimoniais é prática comum 
há milhares de anos. As máscaras são de fundamental importância 
nos rituais, sejam de iniciação, de passagem, ou de evocação de 
entidades espirituais. As máscaras apresentam-se, também, como 
elementos de afirmação étnica, expondo características particulares 
de cada grupo. Assim, existe uma enorme diversidade de formas, 
modelos, técnicas de confecção e aplicações.

Normalmente, a máscara é apenas um dos elementos utilizados 
nas cerimônias e rituais, havendo a combinação com outras 
manifestações, como dança, música e  instrumentos musicais. 
Aparece ainda o uso de máscaras associado a objetos de 
cunho animatista, como amuletos.

A máscara na África negra


Na África, o artífice, antes de começar a esculpir uma máscara, 
passa por um processo de purificação, com reza aos espíritos 
ancestrais e às forças divinas. Tal prática faria com que a força 
divina fosse transferida para a máscara durante o processo de 
manufatura.

Se no passado era prática generalizada, o uso de máscaras 
rituais teve um enorme declínio nas últimas décadas. Entretanto, 
a manufatura e o emprego deste objetos continua sendo um 
aspecto fundamental na identidade de vários grupos étnicos 
africanos. Por isso, já existem pessoas que trabalham pela 
preservação deste hábito milenar.

A máscaras são empregadas, basicamente, em eventos sociais 
e religiosos. Além de representarem os espíritos ancestrais, em 
alguns casos objetivam o controle de forças espirituais das 
comunidades para um determinado fim, sejam estas forças 
benéficas ou malignas.
 A matéria prima utilizada na elaboração das máscaras é 
diversificada. Entretanto, é a madeira a matéria prima 
mais comum. Isso porque os artífices acreditam que as árvores 
possuem uma alma, um espírito. A madeira seria interpretada 
como um receptáculo espiritual, sendo que parte dessa 
essência animista é transferida para a máscara, conferindo 
ao seu portador alguma espécie de poder. Na visão de 
muitos antropólogos, se trataria de um conjunto de forças 

  • invisíveis que atuam diretamente no controle social.

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